terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Mario Quintana - O último poema



O último poema

Enquanto me davam a extrema-unção,
Eu estava distraído...
Ah, essa mania incorrigível de estar pensando sempre noutra coisa!
Aliás, tudo é sempre outra coisa
- segredo da poesia -
E, enquanto a voz do padre zumbia como um besouro,
Eu pensava era nos meus primeiros sapatos
Que continuavam andando, que continuam andando,
Até hoje
Pelos caminhos deste mundo.

Mario Quintana


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