terça-feira, 12 de maio de 2009

Vou-me embora pra Pasárgada - Manuel Bandeira





Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Manuel Bandeira


Links para Manuel Bandeira:

Wikipédia
Releituras
Pensador
Jornal da Poesia
Brasil Escola
Casa Rui Barbosa


Outros artigos:
.
Rio de Janeiro - Qual é a violência?
poesias – Gustavo Moura Brasil
Destaque - Augusto dos Anjos
Culturas Cariocas
Gustavo Moura Brasil - Contos
Novo intelectual do Brasil
Confissão - Charles Bukowski
Injustiça Urbana - Poesia Caótica
Carlos Caro
Noel Rosa
.
.
.
Central Blogs

Twitter, Blogblogs, yahoo, blogger, google


outros blogs: Tamborim Design, Planta Saudável, Saúde com Vida, Rota Travel, Pequena Fada, Blocos de Carnaval do Rio de Janeiro


0 comentários:

Postar um comentário

Creative Commons License

  ©Template by Dicas Blogger.

TOPO