controle da mídia ou o controle da mídia?
A história da imprensa brasileira é recheada de fatos que comprovam a sua influência em momentos políticos, esportivos, ações governamentais e até no final das novelas. As artimanhas para fazer lembrar, fazer esquecer, estimular, estagnar são amplamente utilizadas. Diariamente, essa campanha ideológica, defende interesses pequenos, regionais e pessoais que unidas a outras cidades e países forma uma grande rede de controle mundial, que existe em qualquer sistema econômico inventado pelo homem, neste caso o capitalismo e seus donos.
O Brasil colônia com os jornais oficiais da corte e os liberais produzidos na Inglaterra, já mostrava o tendencionismo mais comum em países pouco desenvolvidos. A imprensa brasileira também é muito reconhecida pela ironia, pela irreverência, pela comédia e o amor pela charge. Traços presentes à cultura do brasileiro.
Um período marcante para história do Brasil e um exemplo bruto e sólido de controle midiático foi o Regime Militar instalado através do golpe de 1964 e destituído em 1985 com a volta da democracia plena e universal só em 1989. Os militares investiram alto em publicidade institucional e espalharam anúncios pelos meios de comunicação, censuraram os programas opositores e patrocinaram seus apoiadores, distribuindo e financiando várias concessões de rádio e TV, criando e acabando com muitos veículos de comunicação. Apoiados por investidores internacionais, grupos de comunicação foram fundados com suas linhas editoriais condizentes com interesses capitalistas, como a formação de uma classe altamente consumista e de livre comércios para produtos e marcas estrangeiras. A imprensa é só uma parte da comunicação, o interesse é uma revolução cultural, mudança no estilo de vida. Portanto, o lazer, o trabalho, os eventos sociais todos devem seguir esse linha de controle. Seus filmes, suas festas, suas músicas, sua arte e cultura pop que a venda são os alicerces desse domínio. A imprensa brasileira carrega uma carga histórica forte e sem opção, sem outro tipo de raiz, e desenvolve-se nesse sentido a cada dia, com poucas exceções.
Outro período marcante da história do país ocorreu justamente em 1989, como no episódio do Golpe Militar de 64, a mídia declarou e incentivou a população que, eleger Fernando Collor era a melhor e única opção. Era o mesmo cenário ou pior, antes na década de sessenta, eram grandes latifundiários como Jango e Brizola, em 89, era um operário que prometia as mesmas reformas de base.
A grande mídia viu na candidatura de Fernando Collor uma nova possibilidade de golpe, mas agora de uma forma “democrática”. Criou um modelo ideal para assumir a presidência. Um atleta, bonito, rico, de boa família (também favorecida na distribuição de veículos de comunicação da época ditatorial), ele tinha formação universitária, quase um intelectual digno do cargo de governante. A mídia, junto com o talento comunicacional de Fernando, impôs à grande massa que este era o ideal para o país. Este processo culminou com a descarada edição do último debate de candidatos a presidência. Completamente tendenciosa a mídia elegeu seu querido e escorraçou seu oponente o atual presidente Lula, tal como Brizola e Jango. Mas fez isso de uma forma diferente. Excluiu do foco da mídia, apagou sua imagem, fez o povo esquecer sua existência, ao invés de exilá-lo ou matá-lo.
Este é o poder midiático, como identifica Moniz Sodré na Bios de Aristóteles, o poder da manipulação de quem aparece e de quem não aparece, ou de quem falamos mal e de quem falamos bem. Estará à sobra das asas da mídia quem age de acordo com os interesses dos donos dos meios de produção e de comunicação.
Com dois anos de mandato, Fernando Collor, começou a afetar os interesses da classe dominante, não com reformas de base, mas com um total despreparo para governar, e principalmente afetou o poder de compra da classe média, consumidora dos resultados da produção da classe alta. Isso desequilibrou todo um sistema de interesses, é um homem ético quando engana a massa dominada pela mídia, quando segue os “mandamentos midiáticos”, mas quando fere a estrutura de dominação tem de ser excluído, pois passa a ser antiético.
Começou uma grande campanha que levou essa classe média às ruas, sem pedir desculpas ou justificar o seu erro. A mídia simplesmente apaga o seu passado e suas atitudes, e estimula a população a derrubar quem ela mesma elegeu. Impõe uma nova lógica para os indivíduos, conforme seus interesses, muda a ética, constituindo novas leis morais baseadas na evolução Neo-liberal da sociedade.
A mídia se renova seguindo aos seus interesses e faz com que seus receptores incorporem como seus interesses pessoais. Nunca vai abrir espaço para Collor e nem para qualquer fato que leve o indivíduo a pensar, refletir sobre o que aconteceu. Porque o receptor não deve pensar, deve sim obedecer. Não quer mostrar que errou, que mentiu, manipulou, inventou e simplesmente saiu de fininho. E com a volta a vida publica do agora senador Fernando Collor de Melo, nunca vai virar os holofotes para este ex-presidente.
É o poder influenciador da imprensa em uma sociedade, seja na defesa de um regime ou na luta contra este. Um poder grandioso que não pode ser sufocado, calado ou controlado. O melhor controle está no equilíbrio entre os dois lados da notícia. Mesmo que em empresas diferentes.
3 comentários:
Olá,
Só para avisar que linkamos um texto seu em uma das matérias da revista Capitu:
http://www.revistacapitu.com/materia.asp?codigo=167
No caso, é o seu texto sobre Bukowski. Com o vínculo com o seu blog, a nossa postagem se torna mais ampla e informativa.
att,
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Duanne Ribeiro
http://www.revistacapitu.com
http://www.twitter.com/rcapitu
É isso aíopinião é opinião. Poucos tem a sua coragem de dar opinião de forma tão clara e contundente. A mídia tem poder, mas não pode tudo, vide o caso proconsult!
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Abçs,
F@bio
www.cargueirodeletras.blogspot.com
Gustavo not°10 seu blog, show, espetacular desejo muito sucesso em sua caminhada e objetivo no seu Hiper blog e que DEUS ilumine seus caminhos e da sua família
Um grande abraço e tudo de bom
Ass:Rodrigo Rocha
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