quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Boêmia pelo Rio de Janeiro



Boêmia pelo Rio de Janeiro


Estava saindo do meu curso. Um dia de sexta feira. Acompanhado de um amigo. Voltávamos calmos. Na metade do caminho resolvemos ir até uma quadra, para marcar um futebol. Entramos, pegamos o telefone e saímos. Dois homens caminhavam na nossa frente. Quando repentinamente, surgi uma louca gritando: - Seu ladrão safado. Acompanhada de homens, ela tinha nas mãos, um saco repleto de ovos. A mulher começou a jogar os ovos num dos caras e gritava: - Ele sempre rouba nosso time. É um safado.


O outro cara pedia para que ela parasse, ele só estava trabalhando. Eu fiquei paralisado à dois metros do ovado, com pena do cara e impressionado. Era por causa de um jogo de vôlei de meninas. O que mais me impressionou foi ver como uma pessoa chega a esse ponto. Atacar alguém com ovos por causa de um jogo de crianças. A vida, ás vezes, se torna tão pequena que meus olhos não podem ver.


Continuamos andando passei pelo o bar do baixinho, resolvi parar para beber. Meu amigo, um careta, resolveu ir para casa. Lá é impossível ficar sozinho. Logo, a mesa estava cheia, começou uma tradicional purrinha. É impressionante que um jogo tão simples gere tanta discussão, tanta gozação.Nesse dia foi impressionante. Fui pentacampeão, o campeão da purrinha é quem sai primeiro. Cinco vezes seguidas é uma façanha. Nunca zoei tanto meus amigos, e olha que não tem bobo no jogo naquele boteco. Na quinta vez que eu ganhei, foi uma felicidade repleta de pulos e gritos. Minha voz é grave, é forte, alta. Dois segundos depois do grito: -ÉÉÉÉ PPPEEENNNTTTAAA. Veio uma sensação esquisita, eu estava todo molhado. Quando olhei estavam todos rindo da minha cara. Algum morador do prédio a cima do boteco, revoltou-se com os gritos e me tacou um balde d’água. Foi revoltante, lamentável.


Abandonei o jogo, já estava bêbado, quem perde paga a cerva, com o dinheiro intacto, fui em casa, troquei de roupa e sai novamente.Certamente deveria ficar em casa. Mais eu e outro amigo, temos o grande defeito, sempre queremos mais, não sabemos a hora de ir para casa. Fomos, num bar em Santa Teresa, chamado Juarez. Ele entrou numa com uma mulher linda, muito linda, resolveu pegar uma carona. Mas nós, graças à Deus, moramos na Zona Norte, terra culturalmente rica e ela morava no Leme. Ele, maluco, achou que ia pegar aquela deusa. Eu mais maluco ainda, fui junto. Chegamos no Leme, a mulher subiu para seu apartamento e nós ficamos na rua. Eu: – Tá, vamos embora. Ele é meu amigo de infância, desde 9 anos de idade. Ficou deprimido, sei lá, estava afim dela. Ele: – Vamos a pé. Eu: – Tá maluco. A gente mora na Tijuca, é longe. Ele: – Nós estamos acostumados a andar. Aceitei. Fomos, Leme, Copacabana, Botafogo. Resolvemos atravessar o Santa Barbara. Estávamos indo, indo, quase chegando, quando eu escuto: – Ei, ei, ei, tão achando que vão aonde?


Era um PM, desses comedores de rosquinha. Gordo, desajeitado, com a barriga saindo da farda. Nós: – Ué, vamos atravessar o túnel e sair no Catumbi, Rio Comprido, Estácio, Tijuca. O PM: – Tá maluco, vocês vão andar até a Tijuca. Eu: – A gente já tá andando desde do Leme. PM: – Que isso, rapa, tá drogado. E começou a me revistar. Eu: – Tá maluco. Você não tem o direito de me revistar sem pedir. PM: – Eu sou uma autoridade. Eu: – Ah é, então eu vou te revistar também. O cara percebeu que a gente estava muito bêbado. Falou:Vaza, não pode atravessar o túnel. Beleza, autoridade é autoridade. Voltamos, Botafogo, Laranjeiras.


Em Laranjeiras estávamos na Rua das Laranjeiras, conversamos sobre as diretrizes da GFP (Galera do Fundo do Poço) uma ONG que luta pelo os direitos dos pega-ninguém, dos sem carro, sem emprego e sem vida social (esse era nosso passado, claro, mas sempre vai haver alguém no fundo poço). De repente, escutamos uns dez tiros. Nos jogamos no chão, além de estarmos no fundo do poço. Estávamos com a cara no chão. Como somos Cariocas e não temos medo da vida, estamos acostumados, levantamos, seguimos em frente, sem qualquer problema ou preocupação.


Laranjeiras, Catete, Glória, Lapa, como temos aquele grande defeito, de não saber ir para casa. Resolvemos ficar na Lapa. Tenho um amigo que é vendedor ambulante. O Azul, gente fina, nunca deixava a gente pagar a cerveja. Arrumava drogas, mulheres, era um cara genial. Enchemos a cara de 88 o pior Whiske do Brasil, se é que existe algum bom, matamos uma garrafa.


Depois ele puxou um ruim, muito ruim chamada Conhaque de Alcatrão. Quase vomitei. Resolvi ir embora. Na Rua do Matoso, a dez passos de casa, passa um carro voado, com uma viatura da polícia atrás. Sábado, 9:30 da manhã, a rua está cheia. as pessoas comem, vão para o trabalho, andam. A polícia passou atirando muito no carro da frente. Antes de me jogar mais uma vez no chão, vi a faisca das balas no carro da frente. Os carros passaram, as pessoas se levantaram e seguiram seu caminho. Para finalizar, cheguei na porta de casa e percebi que tinha perdido a chave. Dormi na porta até minha mãe chegar, lá pelas 2:00 horas da tarde.



Gustavo Moura Brasil



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